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Prédio inacabado da imobiliária Pablo Maia em Ipatinga, MG. Dezenas ficaram no prejuízo.
Prédio inacabado da imobiliária Pablo Maia em Ipatinga, MG. Dezenas ficaram no prejuízo.
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A empresa Prisma teria ficado também responsável pelo investimento da imobiliária, a operação foi embargada pela justiça.
Dezenas de pessoas alegam ter sido lesadas por uma empresa imobiliária nos Estados Unidos, de propriedade de um brasileiro. Elas compraram apartamentos no Brasil através da Pablo Maia Group. Alguns compradores descobriram que não havia imóveis em construção e perderam muito dinheiro.
As denúncias chegaram primeiramente à Central do Trabalhador Imigrante (CTIB), em Massachusetts.
A lista tem cerca de 20 nomes. Um dos reclamantes é o Pastor Gessé Dornelas, da Igreja Templo dos Milagres. Convencido por Fernanda Saldanha e pelo gerente Victor, ambos da Pablo Maia, ele adquiriu um apartamento no Bairro Veneza I em Ipatinga (MG). Os dois disseram que o imóvel estava sendo construído por uma construtora americana, segundo o pastor. A construtora, R da Costa Empreendimentos Imobiliários Ltda, era de propriedade de Roberto da Costa, dono de uma empresa de landscaping e construção em Marlboro (MA).
Segundo o pastor, Roberto teria contratado um homem chamado Loraidan no Brasil para administrar a construção. “E o Roberto alega que esta mesma pessoa roubou dele, e por isso a construtora quebrou”, disse. De acordo com Gessé, a R da Costa começou a quebrar de 2008 para 2009, período em que Roberto visitou os compradores nos EUA, dizendo que havia suspendido os pagamentos até resolver a situação.
Roberto repassou o investimento, segundo Dornelas, para a Prisma, empresa de consultoria pública. Mas de acordo com o pastor, a justiça entrou com embargo, pois uma das cláusulas contratuais dizia que o investimento não poderia ser repassado para terceiros. “Voltou então para a mão do Roberto”. Porém, de acordo com Dornelas, a Prisma continuou a prestar serviços de assessoria para Roberto. “Só que a Prisma falou que só iria entregar o apartamento pronto se cada um de nós pagasse R$ 30.000 a mais”.
Através de documento, a Prisma declarou que estaria retomando, a partir de 1° de abril de 2009, as atividades de conclusão do Edifício Residencial da Costa.
Gessé decidiu que queria o dinheiro de volta. “A Prisma não me devolveu o dinheiro, me colocou como inadimplente e vendeu o apartamento para outros”. Nesta época, o pastor tinha pago aproximadamente R$ 65.000. Segundo o pastor, a Prisma colocou também outros proprietários como inadimplentes. Ederson, advogado da companhia, é proprietário de mais de dez apartamentos na construção, de acordo com Dornelas.
A obra, de acordo com o pastor, estaria embargada pela justiça brasileira, com uma dívida de mais de R$ 600.000. Segundo Gessé, Roberto da Costa estaria escondido em Dom Cavati (MG). A situação é ainda pior para compradores de apartamentos no Bairro Bom Retiro, adquiridos também através do Pablo Maia Group. “O Pablo vendeu apartamentos em um lugar onde não tem nem lote”. Quando comprou o imóvel, Dornelas viu maquetes e projetos. “O que mais me dói é que eu precisava ir embora fazer a obra no Brasil, sou pastor”.
O religioso dá um alerta à comunidade. “Se possível, não comprem apartamento na planta. Se comprarem, comprem de uma construtora que tenha nome no Brasil, investiguem. Não confiem em imobiliária nenhuma aqui nos Estados Unidos, por mais nome e renome que tenha”.
A ficha técnica do Residencial da Costa diz que a área total da construção é de 3.460,38m², e que o prédio tem cinco unidades por andar. O apartamento modelo, ainda de acordo com a ficha técnica, tem três quartos, sendo que um deles é suite, um banheiro social, salas de estar e de jantar conjugadas, cozinha, área de serviço, varanda e garagem para um carro.
De acordo com Dornelas, quando ele deu a Pablo 30 dias para solucionar o caso, ou do contrário efetuaria denúncia através da mídia, o empresário teria respondido que “não precisa esperar 30 dias, pode ir hoje mesmo. Vou me defender, vou falar que a construtora quebrou por falta de pagamento e inadimplência de vocês”. Segundo um advogado contatado pelo pastor, Pablo teria declarado falência e não tem nada registrado no nome dele, em Massachusetts. “E o Pablo Maia Group está registrado em nome de um laranja”, teria dito o advogado.
Consumidores tem esperança de reaver dinheiro dos apartamentos
Esperançoso, o pastor está otimista que vai reaver o imóvel. “Tenho certeza e convicção plena de que vou ter este apartamento de volta”. Dornelas recebeu uma informação não confirmada de que Roberto da Costa foi embora para o Brasil com $400.000, mas que teria perdido tudo.
Através de um e-mail escrito em inglês, datado de 10 de setembro de 2010 e mandado para diversas pessoas, inclusive para a mídia brasileira nos EUA, Pablo Maia afirma saber dos e-mails que Márcio Porto, do CTIB, estaria enviando. “Como um profissional, não vou responder, mas saiba que contatei um advogado e entrarei com uma ação legal contra você, bem como contra os outros que espalharam esses e-mails, numa tentativa de tirar meu crédito e de prejudicar meu negócio”, diz o e-mail. Para o Presidente da CTIB Marcio Porto, “o processo que Pablo Maia diz ir abrir contra a ENTIDADE, sera uma otima oportunidade de reabrir o caso, e levar todos novamente para um tribunal, com um novo processo nos poderemos provar quem realmente tem culpa neste caso”. A unica coisa que a CTIB quer, é que o dinheiro dos Trabalhadores seja devolvido.
O website da Pablo Maia Group diz que a companhia é considerada hoje “A maior imobiliária brasileira nos EUA”. Com escritórios em Framingham e Marlboro (MA) e em Orlando (FL), oferece imóveis residenciais e comerciais para compra, venda e aluguel em todo o estado de Massachusetts.
Karina, uma das pessoas que adquiriu um imóvel que não existe, chegou a ver a planta. Segundo ela, a entrada foi de R$ 20.000 e o total pago foi de aproximadamente R$ 30.000. “Acredito em Deus, tenho certeza que um dia ou outro vou receber este dinheiro”, disse a brasileira.
Elvira, outra lesada, ficou chocada quando descobriu que a planta não significava nada. Ela ainda tentou resolver o problema com Roberto e com Pablo Maia, mas não conseguiu. “Agiram totalmente de má-fé”, disse ela, que perdeu R$ 30.000. “Tenho muita esperança, não é possível que vou perder este dinheiro”.
Segundo René Lopes Costa, advogado contratado no Brasil por oito pessoas, a ação legal está sendo movida contra a R da Costa e outras pessoas vinculadas à obra, visto que a Pablo Maia não tem qualquer tipo de vínculo no Brasil. Segundo ele, a construtora não entregou a obra no prazo prometido.
Responsabilidades
Ainda conforme o advogado, Pablo Maia se enquadra na relação de consumo – Lei 8.078 do Código de Defesa do Consumidor brasileiro. “Ela prevê que qualquer envolvido na relação de consumo, seja ele o incorporador, vendedor, alienante, até mesmo quem vendeu algum material para fazer aquela obra tem sim responsabilidade sobre a conclusão daquela obra. A Pablo Maia tem responsabilidade sobre a conclusão da obra, da mesma forma que a R da Costa e a Prisma”.
De acordo com Lopes Costa, os lesados tem chances de ganhar a causa. “Costumo dizer 50% de chance, porque quem decide é o judiciário. Levamos as provas, as causas, para ele nos dizer os direitos, se nós temos ou não temos razões”.
Procurado pelo Comunidade News, Pablo Maia disse que não tem nada a declarar. “Isto é um assunto entre eu e a pessoa que comprou. Fala para estas pessoas provarem o que elas estão falando. Não é do seu interesse o que está acontecendo no meu business”, disse o empresário.
Maia declarou que trabalha há mais de 15 anos com imóveis no Brasil e nos Estados Unidos, e que é licenciado. Disse que não tem responsabilidade quanto ao dinheiro que os compradores perderam. Alegando estar ocupado, Pablo desligou o telefone.
fonte: ComunidadeNews.com
Wednesday, September 29, 2010
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